quarta-feira, 3 de março de 2021

MOMENTOS




Ando costurando pedaços de sonhos rasgados, puìdos, que sei que dormem dentro de mim.

Me agaro a eles, como me agaro a minha fé, para seguir. A dureza que a vida tem me presenteado, as adversidades que tenho enfrentado, não tem endurecido meu Eu. E, nas minhas andanças internas, em busca de força para construir a colcha da minha vida, me deparo com uma mulher frágilizada, mas com uma coragem imensa. Entre os retalhos, encontro partes de um antigo ser,  que pensei não mais existir. Um ser que ainda resiste, apesar da escuridão que tem atravessado. Costurar no escuro, se faz nescessario, porém exige habilidade, cautela, para não perder o encanto, a delicadeza, a essencia do meu verdadeiro Eu.

Não creio que seja para aprender algo, para me tornar um ser melhor,ou muito menos; que este seja o resultado dos alinhavos que fiz na colcha da minha vida.

Coloquei amor em cada ponto, cada retalho, bonito ou não. Dei laços, onde muitos deram nós, colori onde não havia cor, bordei flores entre espinhos...E, ainda assim, minha colcha não tem a beleza desejada, a leveza planejada, as cores sonhadas. Entre um ponto e outro, tem um nó difícil de desatar, um laço que teima em ser desfeito, alguns retalhos manchados de lágrimas teimosas,despudoradas, que não pedem licença para descer. E, elas vão formando um certo  sombreado, na delicadeza de alguns retalhos, escrevendo uma história diferente da qual sonhei.

Nesse momento, os pontos tem sido desencontrados, apertados, de tons cinza, que também fazem  parte da composição. Não direi que está ficando feia, ou entristecida, pois o cinza, também é cor, que colore partes da vida, e muitas vezes o coração. Só queria ter mais lilás, para colorir a maior parte da colcha...Mas, não é verdade, que a vida tem a cor que escolhemos...

Não mesmo!!