quinta-feira, 6 de maio de 2021

OUTONAL

Entre o azul e a névoa que envolve o amanhecer de outono, vejo um sol tímido, límpido, brilhante. Sua luz rasga as nuvens, abrindo passagem entre a neblina densa e fria. O calor aquece e desfaz pouco a pouco o véu que escondia os segredos do amanhecer. Ao longe, se vê um céu desenhado, de um azul celestial, que me envolve como o amor Divino, me acolhendo em seu colo Paternal.

Meus olhos se fecham para sentir somente o vento, que chega a mim, como uma prece de gratidão. Elevo meu coração, minha mente, minha alma, e apenas entrego nas mãos do Criador.

Não espero por respostas, não busco por milagres, apenas entrego, me esvaziando dos pesos, das dores, das incertezas e angustias que residem no meu ser .Por hoje, me basta a entrega, o calor do sol ainda tímido, me dizendo que não estou só. Que se esconde vida, sonho, força, esperança, entre cada nuvem cinza, que vem colorindo meu céu de outono.

E, sei bem, que o entardecer trará um novo céu, misterioso, cheio de tons indescritíveis,  de nuvens que brincam de esconder e revelar o que resta de luz outonal, as vezes brilhante, outras, opaca, quase imperceptível ...mas sei que continua lá.

 

quarta-feira, 3 de março de 2021

MOMENTOS




Ando costurando pedaços de sonhos rasgados, puìdos, que sei que dormem dentro de mim.

Me agaro a eles, como me agaro a minha fé, para seguir. A dureza que a vida tem me presenteado, as adversidades que tenho enfrentado, não tem endurecido meu Eu. E, nas minhas andanças internas, em busca de força para construir a colcha da minha vida, me deparo com uma mulher frágilizada, mas com uma coragem imensa. Entre os retalhos, encontro partes de um antigo ser,  que pensei não mais existir. Um ser que ainda resiste, apesar da escuridão que tem atravessado. Costurar no escuro, se faz nescessario, porém exige habilidade, cautela, para não perder o encanto, a delicadeza, a essencia do meu verdadeiro Eu.

Não creio que seja para aprender algo, para me tornar um ser melhor,ou muito menos; que este seja o resultado dos alinhavos que fiz na colcha da minha vida.

Coloquei amor em cada ponto, cada retalho, bonito ou não. Dei laços, onde muitos deram nós, colori onde não havia cor, bordei flores entre espinhos...E, ainda assim, minha colcha não tem a beleza desejada, a leveza planejada, as cores sonhadas. Entre um ponto e outro, tem um nó difícil de desatar, um laço que teima em ser desfeito, alguns retalhos manchados de lágrimas teimosas,despudoradas, que não pedem licença para descer. E, elas vão formando um certo  sombreado, na delicadeza de alguns retalhos, escrevendo uma história diferente da qual sonhei.

Nesse momento, os pontos tem sido desencontrados, apertados, de tons cinza, que também fazem  parte da composição. Não direi que está ficando feia, ou entristecida, pois o cinza, também é cor, que colore partes da vida, e muitas vezes o coração. Só queria ter mais lilás, para colorir a maior parte da colcha...Mas, não é verdade, que a vida tem a cor que escolhemos...

Não mesmo!!

sábado, 2 de janeiro de 2021

Ausencia ...


 Todos que me seguem aqui, sabem da minha necessidade 

de escrever. Porém, existe um tempo, onde nada flui...

Por mais que eu precise, as letras não são desenhadas, as palavras ficam presas dentro de mim.

Costumo chamar as dificuldades que enfrento, de ventanias, tempestades, tormentas; Pois as vejo assim: As vezes começam como uma brisa suave que vai ganhando força, e se transformando em temporais. Outras vezes, são apenas chuvas intensas, passam mais rápido.

Neste tempo ausente, vivi em uma tormenta...

Não é segredo que luto contra a depressão há anos, que tenho graves crises de Sindrome do Pânico, todos os dias... Mas, existem situações, que exigem de uma mãe, força maior que ela tem. Aí, não é mais a mãe, e sim Deus agindo por nós.  E foi Deus, que me sustentou mais uma vez.

Ver um filho gravemente doente, tira nosso chão, nosso equilíbrio. E para mim, isso é quase insuportável!  Inimaginável, indescritível tudo que senti. 

Hoje, ainda estamos entre ventos fortes, momentos de temporais e alguns momentos,de ventos não tão fortes... O caminho a ser percorrido será longo, a fé deve ser nosso alimento, Deus nosso refúgio e força. A esperança, essa, não pode ser deixada de lado, nem a gratidão. Gratidão por Deus, pelo amor verdadeiro entre mim e meus filhos, pela generosidade que há entre meus filhos, pela lealdade e respeito mútuo.  Somos três; Somos um, somos amor e gratidão

Sei que um mundo vive um momento de caos,de dor sem medida. Que muitas mães choram, muitos filhos estão órfãos, que as lágrimas derramadas, formam um rio de tristeza, e eu compartilho da dor de todos os que sofrem, os que amam, os que são seres humanos verdadeiros, que choram, não só pela sua dor, mas também pela dor do outro. Pessoas que assim como eu meus filhos, enfrentamos outro tipo de enfermidade, e dirigimos nossas preces, a todos os que precisam de milagres.